Venda de guitarra cai quase 80% nos últimos 5 anos



A venda de guitarra e instrumentos musicais cai a cada ano no Brasil e no mundo.

No Brasil, a venda de instrumentos musicais cai a cada ano. Um grande indício foi o anúncio dos organizadores da Expo Music, que pela primeira vez, não ocorrerá em 2018.

Os fabricantes sofrem com as grandes quedas e os dois maiores players do setor, Fender e Gibson tentam inovar para segurar as margens.

Esse setor é bastante dependente da importação e por isso sofre bastante com a variação do dólar.

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De acordo com a Anafima ( Associação Nacional da Indústria da Música), comparando os números de importações de 2012 com 2017, as importações de violões caíram 33%.

Com os instrumentos de percussão e teclados, por exemplo, a queda foi de 55%. Mas entre guitarras e baixos a queda foi a maior de todas: 78%.


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As causas para essa baixa popularidade são várias. Para o presidente da Anafima, Daniel Neves, é difícil prever quais vão ser os destaques no cenário da música nos próximos anos. Ele não acredita que o rock vai acabar ou que as guitarras vão se tornar obsoletas, mas ressalta que o rock vive uma fase de pouca influência sobre os jovens.

“Existe uma questão de moda. O sertanejo foi um estilo musical que pegou. O número de violões sobe, não o de guitarras. Quando a gente tinha um movimento da indústria fonográfica para o forró, o número de acordeons aumentou incrivelmente. Acho difícil dizer se a guitarra vai voltar a ser um instrumento do momento. É muito mais uma questão de quem será que vai reinventar a roda da música”, acredita Daniel.

Edgard Scandurra, da banda Ira! e um dos heróis da guitarra no Brasil concorda que o cenário musical pop atual, também no exterior, não favorece o surgimento de novos guitarristas. Ele, que cresceu admirando guitar heroes, constata que a geração atual não tem estímulos para se dedicar a aprender a tocar um instrumento:

“A música pop hoje em dia não é uma música tocada mecanicamente. Em boa parte, ela é executada no computador. E acho que há um perfil da sociedade também, porque o rock é uma música contestatória. Existe uma atitude de contestação que não vejo muito hoje em dia. Essa moçada fica no computador e no videogame, acho que a juventude anda muito preguiçosa. As pessoas não têm nem muita paciência para ler uma coisa longa, quanto mais pegar uma guitarra, sentar numa cadeirinha e ficar treinando”, alega o guitarrista.

Essa sensação do Scandurra é confirmada pelo educador Rui Fava, autor do livro “Educação 3.0”, que analisa justamente as diferenças no aprendizado entre as gerações. Ele explica que principalmente os jovens nascidos depois do ano 2000 estão cercados de tablets, celulares e videogames, que são aparelhos preparados para serem aprendidos intuitivamente, sem cursos ou muito estudo. Diferente das guitarras:

“É a geração de imediatismo. E aí entra a questão da guitarra porque ela não é touch screen. Eles não têm paciência de fazer treinamento e todo esse estudo porque eles querem coisas grandes e rápidas, mas que sejam imediatas”, explica Fava.

 

Fonte: http://m.cbn.globoradio.globo.com/media/audio/160807/queda-nas-vendas-o-futuro-incerto-da-guitarra.htm

 



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